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A importância da confiabilidade, por Cris Junqueira

Na coluna de hoje, Cris Junqueira, cofundadora do Nubank fala da importância da confiabilidade como habilidade profissional, entre outros temas.

Imagem: Reprodução/Nubank

Cris Junqueira é cofundadora do Nubank e uma das líderes mais influentes do ecossistema de fintechs na América Latina. Formada em engenharia pela USP, ela saiu do mercado financeiro tradicional para apostar em um banco 100% digital — ajudando a transformar o Nubank em uma das maiores instituições financeiras digitais do mundo.

Além do impacto no Brasil, Cris é uma voz ativa sobre liderança feminina e cultura de alta performance — e, recentemente, assumiu a operação do Nubank nos Estados Unidos. O movimento reforça sua atuação global e o desafio de levar o modelo de inovação do banco para um dos mercados financeiros mais competitivos do planeta.

Aqui, Cris comenta alguns dos pilares da alta performance, e quais os traços mais importantes no contexto profissional.

Então, tem uma coisa. Tudo isso é muito bom — foco, disciplina, performance. Mas tem uma coisa, quando me perguntam qual é o traço mais importante de uma pessoa no contexto profissional, eu falo que é uma palavra que pouca gente usa em português: confiabilidade, ou reliability em inglês. É aquela pessoa que você sabe que vai fazer, que vai dar o pulo dela, que vai se virar e achar um jeito. Se não der, vai falar com um, com outro. Se não souber, vai aprender, vai perguntar, vai atrás, vai fazer.

Parece bobo, parece básico, mas como é raro achar pessoas que são realmente “reliable”, confiáveis nesse sentido, que têm essa alta confiabilidade. A maioria das pessoas, na primeira barreira, para. “Ah, eu tentei. Eu perguntei, mas não souberam me dizer.” Aí você pergunta: “Ah, legal, mas você fez o que?” Uma semana depois, a pessoa parou no primeiro “não”, na primeira resposta que não veio, na primeira pessoa que não conseguiu falar.

Isso, eu acho que é um dos atributos mais importantes. São pessoas que vão conseguir ir muito mais longe, mesmo tendo menos experiência ou qualificação formal. Porque no fim, o que importa é o resultado que você entrega. E a pessoa que tem essa característica de se virar, de ir atrás, ela não quer saber, ela vai entregar o resultado. Se não tem o conhecimento, vai aprender. Se não tem a experiência, vai descobrir como faz. Ela vai se virar, ela vai fazer. O “fazer acontecer”, é a consequência de ter essa característica de se virar.

Já quando perguntada sobre grandes nomes do mercado que ela admira…

Essa história de admirar e acompanhar… claro que tem gente que eu acompanho. No setor de tecnologia, tem pessoas incríveis. Eu sou, para quem me acompanha, mega fã da Disney, então Bob Iger é outro que eu acompanho muito. Aliás, o livro dele é excelente. O audiobook, eu acho que já ouvi umas três vezes.

Tem alguns profissionais muito bacanas, mas inclusive tem um episódio do Vou Te Mandar um Áudio que é “Os Ídolos” em que eu falo algo importante: é perigoso buscar referências só em pessoas muito bacanas por duas razões. Primeiro, por mais realizadas e competentes que sejam, elas são humanas, têm defeitos. E aí, quando fazem algo que você não gosta, você joga tudo fora. “Ah, me decepcionei com essa pessoa porque ela falou isso.” Mas isso não invalida todas as outras coisas boas que ela tem. Nosso instinto é esse — jogar tudo fora.

No mundo do jeito que está, é impossível agradar todo mundo. No minuto em que a pessoa sente que ela torce para o time A ou o time B, já é cancelada, jogada fora, esquecida. Isso é muito perigoso.

O outro perigo é não aprender com as pessoas ao seu redor, que têm muito a ensinar, mesmo não sendo grandes referências do mercado. Minha filosofia é essa: aprender com todo mundo. Todo mundo que passa pela minha frente tem algo para ensinar. Pode ser sobre se vestir, família, filhos, algo que está lendo, assistindo, fazendo, ou sobre trabalho. Aprendo diariamente com a turma que trabalha comigo no Nubank, sem dúvida.

Na minha cabeça, isso é muito mais importante e rico do que buscar grandes executivos distantes, com quem você não tem contexto nem acesso.

Esta coluna é parte da transcrição de um episódio do podcast “Vou Te Mandar um Áudio”, apresentado pela própria Cris Junqueira. Para conferir o episódio completo, clique aqui.