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Exclusivo: Quem está por trás do canal que fez o Brasil debater

O the bizness conversou com Victor Trindade, fundador do Canal Foco — que ficou famoso pelos debates 30x1 — sobre a origem e o futuro do canal.

Imagem: Instagram @eagletrindade

“1 bilionário vs. 30 trabalhadores.” “1 patrão vs. 30 demitidos.” Esses foram alguns dos vídeos que mais incendiaram a internet brasileira nos últimos meses — levantando debates sobre tudo, de saúde a se bilionários deveriam ou não existir.

O que pouca gente sabe é quem está por trás dessas conversas: o Canal FOCO. Co-fundado por Victor Trindade, o projeto já soma dezenas de vídeos longos, centenas de cortes e mais de 1 bilhão de visualizações.

Apesar de estar atrás das câmeras no Foco, Victor é um rosto familiar pra Gen Z. Criador do Canal Neagle e cofundador do Ng.Cash, ele acumula mais de uma década de experiência no YouTube — e quer ir ainda mais longe com o FOCO.

the bizness: Pra quem não sabe, sua história no YouTube não começou agora — lá em 2013, você já estava com o Canal Neagle, que falava direto com a Gen Z. Como foi essa virada de chave, sair de um conteúdo mais leve pra um formato mais sério, como no Foco e no Backstage?

Victor Trindade: Desde o começo, a visão sempre foi fazer o tipo de conteúdo que eu mesmo gostaria de assistir. Lá atrás, com o Neagle, a gente falava direto com a geração Z e eu também fazia parte dela. Eu tinha entre 18 e 23 anos, então era natural que o conteúdo refletisse aquele momento. Conforme eu fui crescendo, minha ideia sempre foi continuar criando pra essa mesma geração, mas acompanhando a evolução dela e a minha também. Então não teve exatamente uma virada de chave — foi mais um processo de entender o movimento do mercado e do que eu, de fato, tinha vontade de consumir e produzir.

TB: O que te motivou a criar o Canal FOCO? Foi uma evolução natural ou você já tinha em mente construir algo voltado pro business desde o começo?

VT: Na verdade, o FOCO nasceu da vontade de criar um formato que não dependesse de um rosto específico. Depois de anos produzindo conteúdo com o meu rosto, eu queria algo que fosse maior do que uma pessoa — um espaço onde a conversa fosse o centro. A ideia surgiu junto com o Daniel Levy, da Road, com o objetivo de criar um formato que conectasse com o público brasileiro sem depender puramente de influenciadores, mas sim das histórias e opiniões das pessoas do dia a dia. No fim das contas, o FOCO nasceu pra provocar conversas que fazem o Brasil pensar e evoluir.

TB: Vocês já entrevistaram nomes de peso e chegaram até a pautar a imprensa. Aonde o Canal FOCO quer chegar? Qual é a tua visão de longo prazo pro projeto?

VT: Olhando pra onde o Canal FOCO já chegou, eu diria que ele está muito próximo da nossa visão inicial: ver o Brasil inteiro conversando, debatendo e evoluindo em suas opiniões. Mas ainda tem muito espaço pra crescer. Nosso objetivo é que o FOCO continue sendo um canal que forma opinião de forma neutra, com profundidade e respeito às diferentes visões. A gente acredita que no próximo ano o FOCO pode se tornar um verdadeiro divisor de águas na forma como o Brasil se informa e forma suas opiniões — especialmente num momento em que o diálogo vai ser mais importante do que nunca.

TB: Recentemente, vocês trouxeram Flávio Augusto e Tallis Gomes — dois nomes gigantes do empreendedorismo brasileiro. Quais foram os principais aprendizados da participação deles?

VT: Os principais aprendizados com o Flávio e o Tallis foram, na verdade, sobre entender a dimensão que o Canal FOCO alcançou. Dois nomes gigantes, com trajetórias sólidas e muito a perder, acreditaram tanto no formato que se colocaram em um ambiente de risco, onde as conversas não são controladas e tudo acontece de forma orgânica. Isso mostra o quanto eles entenderam a importância de abrir esse tipo de diálogo. O episódio reforçou também o valor do formato: ver pessoas comuns, com perguntas reais, trocando ideias diretamente com nomes que moldam o empreendedorismo no Brasil. Esse tipo de conexão cria uma identificação diferente e deixa claro o impacto que o FOCO pode ter na formação de opinião no país.

TB: 200 vídeos, 100 milhões de views depois... O que funcionou e o que você faria diferente hoje na estratégia do canal?

VT: Na verdade, foram apenas 52 vídeos longos publicados até agora, que juntos ultrapassam a marca de 100 milhões de views no YouTube. O restante do volume vem dos cortes e conteúdos curtos, que somam mais de 1 bilhão de visualizações em dois anos de projeto. Isso mostra a força do formato e o quanto ele conversa com o público. Eu não faria nada diferente. É claro que existe uma pressão por velocidade e frequência, mas o que fez o FOCO ser o que é foi justamente priorizar a qualidade — tanto dos convidados quanto das conversas. Em dois anos, com apenas 52 vídeos, conseguimos construir um fenômeno orgânico que eu nunca tinha visto em toda a minha trajetória no YouTube.

TB: Hoje, o Canal FOCO está se tornando uma marca forte por si só. Como é o modelo de negócios por trás — parcerias, monetização, marca própria?

VT: Hoje o modelo de negócio do FOCO está baseado principalmente na monetização do YouTube, já que são conteúdos longos e de alto valor. Em relação às parcerias, a gente é bem estratégico nas decisões sobre quais marcas incluir, pra garantir que nada enviese o formato. Na prática, a gente primeiro pensa nos temas e formatos que acreditamos e, a partir daí, entende quais marcas podem entrar de forma natural dentro daquele conteúdo. E em breve, com certeza, teremos novidades sobre a marca própria do FOCO, que tem como objetivo ir além do digital.

TB: Muita gente conhece o Victor criador de conteúdo, mas poucos o Victor empreendedor. Qual é um conselho que você gostaria de ter ouvido no começo dessa jornada?

VT: Essa é uma pergunta difícil porque é complicado separar o criador do empreendedor. Desde o início, um sempre existiu dentro do outro. Se eu tivesse que escolher um conselho, seria não ter medo de começar do zero. Quando você já tem números grandes e uma audiência consolidada, parece que começar algo novo é um passo pra trás. Mas, na prática, foi justamente isso que me fez evoluir. Voltar a produzir lives pra uma audiência menor me ajudou a entender o formato de cortes e conteúdo ao vivo — e depois dessa iniciativa também veio o empurrão pra criação do Canal FOCO. Então, se tem algo que eu aprendi, é que não existe fracasso enquanto você continua tentando. O erro só vira fracasso quando você desiste.

TB: Tem algum próximo convidado do mundo do business que você pode dar um spoiler?

VT: Do mundo business, ainda temos alguns nomes muito fortes por vir, mas a gente prefere não revelar por enquanto. Já aconteceu de alguns “copycats” acelerarem episódios depois que soltamos spoiler demais (risos). Então, por enquanto, é melhor deixar o mistério no ar — mas posso garantir que vem gente grande por aí.

TB: E pra fechar: qual foi o principal aprendizado de negócios dessa jornada até aqui?

VT: O principal aprendizado dessa jornada, na verdade, reforçou algo que eu sempre acreditei: no final do dia, o negócio é sobre pessoas. O FOCO só chegou onde chegou por causa das pessoas que acreditaram em construir esse projeto comigo. Desde o Daniel Levy (Road Ag), que apostou na ideia desde o começo, até nossos grandes parceiros como o Yan Felipe (Firma AVI) e o Marcos Arthur Melo, que também são sócios e ajudam a produzir cada episódio. Mas o mais importante são as pessoas que topam participar, se expor nas conversas e, claro, quem consome o conteúdo. Tudo o que o FOCO se tornou vem desse coletivo. Acho que, no mundo dos negócios, é fácil se perder entre números, metas e dinheiro, mas a essência continua sendo humana. Quando a gente esquece disso, perde o propósito. E o FOCO sempre teve o mesmo desde o início: colocar as pessoas no centro de tudo.

Você pode encontrar o LinkedIn do Victor aqui, e o Instagram aqui.