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O adeus a uma lenda do varejo mundial
O adeus a uma lenda do varejo brasileiro mundial
TRIBUTO
“Ser criativo é inovar e se reinventar para criar o futuro”. Essa é uma das muitas frases proferidas por Abilio dos Santos Diniz, um dos maiores empresários da história do Brasil e que faleceu neste último domingo aos 87 anos.
Sua liderança visionária, seu temperamento forte e sua paixão pelo esporte e práticas saudáveis são apenas algumas das características que ficarão na memória de muitos brasileiros que acompanharam a sua trajetória.
Sob sua gestão, a rede Pão de Açúcar se tornou uma das maiores redes de varejo do Brasil.
Isso sem contar que o empresário teve participações importantes em outras empresas do ramo como Carrefour.
Como tudo começou?
Antes do Supermercado, o pai de Abilio Diniz — também com um baita espírito empreendedor — tinha inaugurado a Doceria Pão de Açúcar, em 1948, em São Paulo.
O negócio foi bem e expandiu rapidamente, já contando com outras duas filiais quatro anos depois.
Abilio, que nasceu em 1936, entra nessa história em 1956, quando começa a trabalhar junto com seu pai, enquanto ainda estava cursando Administração.
Foi então que, em 1959, eles inauguraram a primeira unidade do Supermercado Pão de Açúcar em 1959 na capital paulista.
No ano seguinte, com a operação da primeira loja estabelecida, Abilio Diniz viajou durante 4 meses pela Europa e pelos Estados Unidos para observar o funcionamento do setor de varejo e saber como encarar a concorrência.
Em 1967, ele conheceu Marcel Fournier, cofundador do Carrefour, durante uma viagem em Paris. O empresário francês o levou para conhecer uma de suas lojas, detalhando o passo a passo da operação.
Abilio utilizou essas informações como modelo para a expansão do Pão de Açúcar. Abaixo uma pequena linha do tempo das seguintes décadas:
1971: Inaugurou o Jumbo, primeiro hipermercado do Brasil.
1976: Adquiriu a Eletroradiobraz, na época a maior rede de eletrodomésticos e eletroeletrônicos do país.
Anos 80: Incorporou a Minibox, mercearias de desconto, a Peg & Faça, que oferecia produtos para bricolagem, e a Sandiz, uma loja de departamentos.
O final da década de 1980, no entanto, marcaria tanto a vida pessoal como profissional de Abilio Diniz.
A empresa encerrou as operações das unidades Jumbo, por uma disputa acionária entre o empresário e sua família. Além disso, ele sofreu um sequestro que o manteve Abilio em cativeiro por 153 horas.
O momento que o jogo mudou
Em 1990, o empresário assumiu a presidência do grupo, iniciando imediatamente uma reformulação na companhia.
Guiado pelo lema "Corte, Concentre e Simplifique", supervisionou o fechamento de cerca de 400 unidades não lucrativas — a empresa permaneceu com 262 em 1992.
Além disso, vendeu empresas coligadas, concentrando-se no varejo alimentar.
A estratégia de reformulação de Abilio incluiu a aproximação ao consumidor com a criação do cargo de "ouvidor" dentro do grupo, além de investimentos significativos no aperfeiçoamento operacional da empresa.
Ele não apenas contornou a crise, mas também transformou o Pão de Açúcar na maior empresa do varejo brasileiro, sempre seguindo o lema "Cliente: Nossa Razão de Ser".
O estilo arrojado de gestão de Abilio tornou-se cada vez mais evidente, destacando a empresa por suas ações pioneiras:
Introduziu o Pão de Açúcar Delivery, primeiro serviço de entrega em até 24 horas, disponível em algumas de suas lojas;
Em 1995, abriu o capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), atual B3, obtendo US$ 112 milhões;
Dois anos depois, obteve US$ 172,5 milhões na Bolsa de Nova York;
Foi um dos primeiros supermercados a adotar o conceito do cliente poder pegar o que quisesse nas gôndolas.
A rápida expansão do Pão de Açúcar enfrentou dificuldades financeiras. Na busca por investimentos, Abilio Diniz vendeu 22% do capital da empresa ao Grupo Casino por US$ 1,5 bilhão em 1999.
Seis anos depois, o conglomerado francês injetaria outros US$ 2 bilhões e acertaria um novo acordo que lhe garantia o direito de assumir o controle do Pão de Açúcar em 2012.
Foi exatamente esse novo acordo que fez com que Abílio Diniz entrasse em um “fogo cruzado” com o Casino, disputa na qual sairia derrotado.
Em 2013, ele deixou sua cadeira no conselho administrativo do Grupo Pão de Açúcar.
Maaas… Alguns anos antes, ele liderou a compra do Ponto Frio em 2009 e, meses depois, supervisionou a criação da joint venture com a Casas Bahia.
Hoje, você conhece o resultado desse movimento como Via Varejo, que, quando surgiu, era o maior grupo de distribuição da América Latina.
Fora do Pão de Açúcar…
Abilio Diniz se aventurou no segmento industrial em 2012 ao investir mais de R$ 1 bilhão na Brasil Foods (BRF), junção da Sadia e Perdigão, através da Península Participações, gestora de ativos de sua família.
No entanto, nunca deixou de lado “seu amor” pelo varejo. Também por meio da Península, virou acionista da Carrefour Brasil em 2014, depois de ter virado VP da empresa desde 2012.
"Não existe fórmula secreta. Somente a organização e a disciplina permitem que uma pessoa desempenhe todos os seus papéis e dê conta de todas as suas atividades de forma equilibrada e harmoniosa"